A alta do dólar tem sido amplamente discutida no Brasil nos últimos meses, já que a oscilação da moeda americano tem causado uma instabilidade no setor corporativo.
No último trimestre, vimos o gráfico dos preços subirem sem parar enquanto o real cai em um estado de desvalorização em decorrência da forma como o cenário tem conduzido essa competitividade.
Em tempos de desinformação, é importante se apegar aos fatos de forma lógica para que este cenário não seja interpretado a partir de viés ideológico, mas sim puramente matemático e administrativo, já que as decisões do governo são diretamente responsáveis pela forma como o ecossistema corporativo enxerga uma nação.
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Quem sabe você é uma dessas pessoas que reconhece o impacto que a alta do dólar exerce sobre as empresas brasileiras, ou até tem sentido de forma direta esses impactos, porém sabe pouco sobre como isso aconteceu.
Nosso compromisso como consultoria para empresas também está ligado à área institucional, e isso envolve obviamente os impactos das decisões do governo na estrutura organizacional.
Por este motivo, criamos este conteúdo para esclarecer de forma bem didática o porquê da alta do dólar, e os 5 principais impactos que esta realidade financeira causam no ambiente corporativo de pequenas e grandes empresas.
A alta do dólar afeta os pequenos empreendimentos?
Quando se fala em uma moeda internacional forte como o dólar, talvez muitas pessoas podem pensar que isso não exerce influência direta em seus negócios já que não realizam suas transações com moedas internacionais, porém isto é um engano.
Mesmo as pequenas empresas podem sofrer este impacto direto. Vamos esclarecer isso a partir de alguns exemplos abaixo:
Imagine os pequenos negócios alimentícios como restaurantes que fazem uso de salmão em seu menu. Mesmo que eles negociem esta espécie de peixe em território brasileiro, muitos deles são importados, portanto, sofrem impacto direto na negociação, ou seja, para que os custos não gerem impacto de prejuízo aos restaurantes, é necessário que o preço do produto final suba, e isso pode impactar na diminuição do fluxo de clientes.
Outro setor que possui grande fluxo de vendas são as revendas de celulares. Muitos desses dispositivos vêm do exterior. Por consequência disso, os preços sobem, e a competitividade com grandes lojas de varejo se tornam mais difíceis, já que as pequenas revendas compram em menor quantidade, ou seja, pagam um preço maior pelo produto. Novamente isso reflete no preço final do produto, fazendo com que o cliente final opte pela compra em grandes lojas, especialmente as virtuais.
Por que o dólar subiu afinal? Quais motivos levam a alta do dólar no Brasil?
Você já se sentiu inseguro em algum lugar a ponto de você sair dali em defesa da sua integridade física? Certamente você já deve ter se sentido assim a ponto de se proteger. O cenário econômico no Brasil segue justamente essa ilustração.
Imagine que para os empresários que investem no Brasil, o país comece a ficar gradativamente perigoso devido às decisões econômicas do governo. Esta instabilidade faz com que esses empresários retirem do país os seus investimentos em dólares e o levem para países que apresentam maior segurança.
Tudo é um jogo de transferência financeira para proteção de patrimônio, e o maior prejudicado nisso tudo acaba sendo as empresas e, por consequência, seus clientes finais: os brasileiros.
Contudo, além do “medo de investir”, existem outros motivos que contribuem para que o dólar aumente no cenário mundial, como mencionaremos abaixo:
Aumento de juros nos Estados Unidos
Os Estados Unidos da América viveram nos últimos anos um aumento de sua taxa de juros interna. Por consequência, os empresários protegem seu patrimônio mantendo seu dinheiro em países cuja taxa de juro seja maior.
Neste cenário, o Brasil, sendo um dos países com a maior taxa de juros, acaba não sendo um destino desejado por essas empresas, logo, este aumento nos juros americanos acaba impactando nossa economia aqui no Brasil.
Brasil gastando mais do que pode (déficit fiscal)
Este motivo tem tudo a ver com o posicionamento do atual governo em relação aos gastos dos cofres públicos.
Dados recentes do portal CNN revelam que atualmente a Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) alcançou R$ 6,86 trilhões, ou seja, uma alta de 1,71%.
Neste sentido, é importante que as pessoas avaliem a situação da administração pública para assim se aproximar do governo e reivindicar medidas que protejam a economia.
A inflação no brasil e as Crises externas (efeito dominó)
Esses dois motivos também corroboram para um cenário preocupante para a realidade econômica no Brasil.
O fato de que as contas do Brasil excedem sua receita, fazendo que o país não seja favorável para os investimentos externos fazem com que nossa moeda desvalorize, ou seja, os preços sobem para que haja um equilíbrio. O resultado disso é a inflação.
Outro fato que também contribui é a instabilidade das relações internacionais. Enfrentamos na atualidade, principalmente nos últimos anos, conflitos como a guerra da Rússia com a Ucrânia, além dos conflitos envolvendo Israel e os grupos terroristas vizinhos no oriente médio.
É inevitável que os demais países se envolvam diplomaticamente nesses conflitos, por isso, a exposição do posicionamento de cada país pode gerar conflitos de interesses, fazendo com que os empresários retenham seus investimentos por conta das incertezas econômicas geradas pela guerra.
Agora que você entende os principais motivos que levam a alta do dólar, chegou a hora de entender quais os impactos que essa realidade causa nas empresas brasileiras.
Os 5 principais impactos que a alta do dólar causa nas empresas brasileiras
A alta do dólar pode trazer diversas consequências para a economia e, em especial, para os empresários no Brasil. Aqui estão cinco principais impactos que todo empresário deveria conhecer.
1. Aumento dos custos de importação de bens ou insumos
Empresas (pequenas ou grandes indústrias) que dependem de matérias-primas, equipamentos ou produtos importados enfrentam elevação nos custos. Isso pode afetar a competitividade no mercado interno, especialmente em setores como tecnologia, automóveis e medicamentos.
O fato de muitas inovações terem sido criadas no exterior, em especial nos EUA, faz com que o Brasil dependa da importação para implementar novas práticas em território nacional.
As empresas acabam ficando em uma posição vulnerável porque, ou elas inovam enfrentando os preços do mercado atual, ou mantém uma tecnologia obsoleta, deixando assim o mercado brasileiro desatualizado em relação aos demais países no cenário competitivo.
2. Pressão Inflacionária
A alta do dólar pode encarecer produtos importados e pressionar a inflação no Brasil. Isso reduz o poder de compra dos consumidores, impactando a demanda por bens e serviços e dificultando a precificação para empresas.
O poder de compra reduzido dos brasileiros faz com que o comportamento dos consumidores entre em “modo sobrevivência”, ou seja, o brasileiro irá investir naquilo que é vital, e isso resulta na diminuição do fluxo de compras. Neste sentido, a alta do dólar começa a impactar a indústria e por fim exerce influência também no comércio.
3. Benefício para Exportadores
Por outro lado, um dos setores que tem um bom aproveitamento deste cenário são as empresas exportadoras. Com a desvalorização da moeda brasileira, os seus produtos se tornam mais competitivos no mercado internacional. Ao passo que isso é bom para quem vende para o mercado externo, a consequência para o abastecimento interno não é bom.
A escassez dos produtos devido a alta exportação ocasiona o aumento dos preços no mercado interno, e isso, mais uma vez, impacta os pequenos varejistas e o consumidor final.
4. Endividamento em moeda estrangeira
Empresas com dívidas em dólar sofrem com o aumento do custo para quitá-las, impactando negativamente o fluxo de caixa e a saúde financeira. É um ponto crítico para companhias que dependem de financiamento externo.
Imagine que há 4 anos uma empresa assumiu um empréstimo em uma empresa financeira americana. Por resultado da alta do dólar, este empréstimo acaba sendo impactado pela oscilação da moeda, ou seja, o empréstimo fica mais caro, fazendo com que essas empresas precisem aumentar seus custos para equilibrar o caixa.
5. Instabilidade econômica e incertezas
A valorização do dólar frequentemente está associada à desconfiança no mercado financeiro, volatilidade política e fuga de capital estrangeiro, conforme explicamos em parágrafos anteriores.
Esse ambiente de instabilidade pode dificultar investimentos, captação de recursos e o planejamento estratégico das empresas.
Por fim, vemos que todas as empresas, seja no Brasil ou no exterior, acabam tendo o mesmo comportamento: mais conservadorismo nos investimentos e menos riscos assumidos, ou seja, menos compras e maiores preços.
Por que os empresários brasileiros precisam acompanhar de perto a oscilação do dólar?
Tudo tem a ver com planejamento estratégico. Estar atento à oscilação do dólar permite que o empresário ajuste preços, negocie contratos e escolha melhores momentos para compras internacionais.
Uma empresa que possui uma visão estratégica competitiva sabe antecipar as informações a seu favor, ou seja, ao invés de sofrer subitamente com a alta do dólar, ela aprende a ser flexível e apostar no aproveitamento de oportunidades, quando o dólar está alto, pode ser um bom momento para exportar ou buscar insumos nacionais.
“Recalcular rota” seria a expressão que mais cabe neste cenário. Apesar do medo assolar muitos empreendedores, ele não deve ser o “volante” da situação.
Ter planejamento, previsibilidade financeiras e, principalmente, uma consultoria de relações governamentais que aproxime sua empresa das movimentações do governo, pode fazer com que sua empresa seja mais competitiva e menos vulnerável às alterações do mercado.